Você consegue imaginar como seria a volta de Jesus em tempos de globalização e internet? A nova série, fictícia, da Netflix conta a história de um líder religioso que surge no Oriente Médio ocupado pelo Estado Islâmico.
Mehdi Dehbi, ator belga que interpreta o Al Messiah
O cenário é de guerra no oriente médio, uma disputa política, territorial e religiosa, onde árabes e judeus colocam suas diferenças na mesa, tudo isso mediada pela maior potência mundial, os Estados Unidos. Quando surge um misterioso líder religioso de cabelos longos, pele morena e barba por fazer.
Ele prega para um grupo de pessoas enquanto acontece um ataque do grupo Estado Islâmico. Uma tempestade de areia afasta os terroristas salvando a cidade, um milagre atribuído ao jovem. Não demora muito para a notícia correr o mundo e milhares de pessoas começam a vê-lo como o “homem milagroso” e em tempos de internet, o “Al Messiah” como é chamado começa viralizar, e se torna um ícone de salvação descrita na bíblia sagrada. Ao mesmo tempo em que é investigado pelo FBI (a agência de inteligência americana) como possível charlatão.
Com o alerta do spoiler ligado, esse é o roteiro de Messiah, do hebraico “ungido” a nova série da Netflix de direção Michael Petroni (Mistérios do Passado, 2002) que assina o roteiro de “A menina que rouba livros” de 2014. Na série, política, fé e religião andam de mãos dadas o tempo inteiro, o belga Mehdi Dehbi da vida a um personagem que vai te deixar com muitas dúvidas, entre ser o filho de Deus ou um sofisticado vigarista.
Uma das apostas da Netflix para 2020 a série causou polêmica antes mesmo da estréia no dia primeira de janeiro, pois falar de religião mesmo que seja nas telinhas, é uma armadilha pronta, uma linha tênue entre o sucesso pela alta exposição ou o boicote de parte do público.
Aqui no Brasil, o tema foi bastante comentado no fim do ano por conta do especial da produtora Porta dos fundos, “A Tentação de Cristo (2019)” que traz um Jesus que se descobre homossexual depois de uma peregrinação no deserto. Grupos religiosos criticaram e pediram para ser tirada do ar, medida acatada pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), mas derrubada pelo ministro Dias Toffoli do STF (Supremo Tribunal Federal) alguns dias depois.
De volta para o Messiah, uma campanha no site Change.org pediu o boicote da série por entender que era uma propaganda anti-islâmica. O próprio diretor, Petroni, disse em entrevista que “era um conceito muito audacioso (...). “Você lê o piloto (da série) e esse cara vai marchar com 2 mil sírios palestinos através da fronteira de Israel”. Falando sobre o histórico confronto entre palestinos e judeus pelo reconhecimento de Jerusalém, considerada por ambos a cidade sagrada, como capital.
Pouco tempo entes da estréia mundial, a Royal Film Commission (RFC), agência que cuida da industrial cinematográfica da Jordânia, onde parte da série foi gravada, pediu para a Netflix não disponibilizar a série no país, já que a maioria dos jordanianos segue o Islã. Para a RFC mesma se tratando de uma ficção poderia ser interpretada como uma “violação da religião”, o que é proibido no país.
A série
“Messiah” é focado na possível volta de uma figura religiosa nos tempos atuais, num mundo dominado pelas mídias sociais, fake news, guerras comerciais e crise migratória. Ao mesmo tempo em que conquista milhares de fiéis por todo o mundo, o personagem principal gera uma crise mundial por tentar levar um grupo de palestinos até a Faixa de Gaza, território dominado por Israel. Nos EUA ele é investigado de perto por Eva Geller (Michelle Monaghan) de Missão Impossível 2018, uma agente do FBI que vê a figura messiânica como um para - raio de uma guerra no Oriente médio.
São dez episódios que estão disponíveis pela plataforma de streaming em todo o Brasil, e já existem conversas para uma segunda temporada ainda sem data marcada, já que a primeira deixa algumas respostas em aberto. Vale a pena conferir.
Comments