Quando o processo de criação de um filme chega às mãos do diretor de fotografia, é o momento da materialização da ideia que começou a ser gestada pelos roteiristas, pelo diretor e pela produção de elenco.
Nesse momento, cabe a fotografia ao lado da direção de arte, figurino e maquiagem, transformar em imagens e dar vida a esse roteiro.
Na minha primeira coluna, eu gostaria de destacar um diretor de fotografia que admiro bastante e está com um filme em cartaz que vem fazendo muito sucesso.
Newton Thomas Sigel, o fotógrafo da cinebiografia de Freddie Mercury, é um veterano de muitos trabalhos, talvez os mais conhecidos sejam os que ele fotografou para a série X-Men. Eu pessoalmente, tenho grande admiração por outros três trabalhos que ele deixa claro o seu estilo: Os Suspeitos (1995), Confissões de uma Mente Perigosa (2002) e Drive (2011).
Sigel tem um extremo cuidado com suas composições de enquadramento, buscando sempre uma simetria e um equilíbrio, mesmo quando sua câmera está em movimento ele procura finalizar o quadro com esse equilíbrio. No seu trabalho, acentua-se a tridimensionalidade que ele procura realizar através do contraste de luz e sombras, mas de uma maneira harmônica e suave. Ele também tem todo um trabalho de equilibrar a manter as cores que foram estudadas para dar a dramaticidade e a época do filme.
Bohemian Rhapsody foi um grande desafio, o começo e o final do filme se passa no mais importante concerto que o Queen participou, o Live Aid. O Live Aid foi um conjunto de dois concertos realizados em dois países, Estados Unidos e Inglaterra, transmitido para mais de um bilhão de pessoas no mundo todo. A apresentação do Queen, aconteceu no estádio de Wembley e para o filme, foi recriado um palco em tamanho real em uma outra cidade, com a presença de oitocentos figurantes que foram replicados digitalmente para o filme. Sigel filmou o show na íntegra, estudando todos os enquadramentos da transmissão de tv. No filme é possível assistir a quatro músicas dessa apresentação. Se tiver curiosidade, veja o link da apresentação original e faça suas comparações.
Queen Perform Live at LIVE AID on 13 July 1985 [ORIGINAL]
A abertura do filme também é de tirar o fôlego, em uma série de movimentações, closes e detalhes, é recriado o ambiente do backstage da apresentação do Live Aid e uma câmera subjetiva acompanha a entrada de Mercury dirigindo-se ao palco.
Há todo um tratamento de cor para ambientar o filme para os momentos importantes da banda, as décadas de 1970 e 1980, bem como os ambientes de gravação e os diversos momentos de turnês, dos pequenos clubes e casas de show, programa de tv, até o ápice da banda, os shows de estádio. Esse estilo também é levado para as cenas mais íntimas, de cumplicidade ou de solidão de Freddie Mercury.
Mesmo com todo o ambiente conturbado das filmagens, troca do ator principal, do diretor nos momentos finais das filmagens, o filme alcançou um grande sucesso e o trabalho de Sigel, não saí arranhado nesse projeto e deixa mais uma importante marca.
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Autor:
Raul de Goes - Diretor de Fotografia
Falando da imagem e de quem faz imagem.
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