O ainda novo século incorporou novos nomes e códigos que começaram a fazer parte do nosso cotidiano: H1N1, H3N2, SARS, Ebola ou COVID-19. Doenças virais que surgem constantemente no nosso cotidiano, derivados de animais da produção agropecuária ou silvestres, acabam contaminando seres humanos e são constantes ameaças na vida das grandes populações por todo o mundo, pois esses agentes podem causar epidemias e o mais grave, uma pandemia mundial.
Um assunto dessa magnitude, transforma-se em algo de interesse do mundo audiovisual. Hollywood já explorou essa perspectiva em diversos filmes, mas os documentários são os que trazem as análises mais aprofundadas das reais possibilidades que isso de fato que isso pudesse acontecer.
Com um timing impressionante, o Netflix lançou em janeiro desse ano, uma série documental que procura localizar essa possibilidade.
A série Pandemia, foi produzida poucos meses antes da chegada do coronavírus, junto a diversos profissionais da área da saúde, cientistas e pesquisadores, ela procura investigar os possíveis caminhos ou maneiras de como surgiriam uma pandemia na humanidade.
Dividida em seis episódios, inicia mostrando a gripe espanhola, a última pandemia da humanidade, partindo daí, a série divide-se em três frentes, os médicos que são a linha de frente do combate as doenças, os cientistas e pesquisadores que procuram localizar os possíveis focos de novos vírus na humanidade e a luta de convencimento da necessidade de combater esses novos patógenos junto as populações.
O trabalho junto aos médicos, talvez seja o mais interessante, mostrando as dificuldades de trabalhar em uma cidade de interior ou em grandes hospitais em locais como Índia, Egito, Vietnã ou Nova York a série procura esmiuçar o dia a dia, a estrutura, as técnicas e todas as diversas dificuldades e condições que esses médicos sofrem para realizar o seu trabalho, também procura acompanhar de maneira intimista, a vida desses profissionais nas relações com suas famílias, com a religiosidade ou o cotidiano.
O cientista americano Dennis Carroll, um verdadeiro caçador de viroses, ganha bastante destaque mostrando os locais e técnicas de pesquisa para localizar os novos vírus que eventualmente possam contaminar as pessoas, dentro dessa esfera do documentário surgem Jacob Glanville e Sarah Yves pesquisadores de San Francisco que buscam criar uma vacina universal contra a influenza e um financiamento da fundação de Bill Gates, para testar em humanos.
Outro tópico importante é o da rejeição de diversos grupos ou populações as maneiras que são combatidas essas doenças. Nos Estados Unidos, o foco está nos grupos anti-vacinas que lutam pelo direito de não vacinar os seus filhos por acreditarem que as vacinas causam problemas mentais nas crianças, enquanto no Congo, médicos sofrem a perseguição de grupos milicianos que não aceitam a sua atuação frente o dramático crescimento do ebola.O documentário procura ter sempre uma linguagem de câmera próxima aos personagens, como poucas interferências e trabalhando na colagem das diversas histórias esparramadas em cada tema abordado.
Raul de Góes - diretor de fotografia e publicitário
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