Desde o surgimento da internet, estamos descobrindo e aprendendo todas as suas possibilidades que cada vez mais, parecem infinitas.
A rede já transformou diversas áreas de atuação: negócios, relações pessoais e corporativas, educação, tecnologia e entretenimento.
A nossa maneira de ver tv, também mudou totalmente. Primeiro com Youtube, uma plataforma que surgiu como um lugar para se criar vídeos e postar, mas logo muitas pessoas e empresas enxergaram todas as suas possibilidades, não só como uma diversão. Música, tutoriais, filmes, programas, experimentação, de maneira rápida e direta, com pouquíssimas regras e uma infinidade de possibilidades, é também uma plataforma de comercialização de conteúdo audiovisual.
Logo, com o aumento da qualidade de transmissão de dados e uma melhor conectividade, surgem as empresas de vídeo on demand. Uma plataforma que oferece uma série de filmes e séries que você pode acessar nas mais diferentes formas (notebook, celular, tablet, tv), onde e quando quiser e tendo como empresa pioneira a Netflix. O sucesso foi inevitável, saindo dos Estados Unidos e tendo o Brasil como um dos primeiros mercados teste.
O próximo passo, foi lançar uma série original, criada exclusivamente para essa plataforma. A escolha foi ousada, a primeira série original foi House of Cards(2013).
Criado por Beau Willimon, a história sobre o congressista Francis Underwwod (o premiado ator Kevin Spacey) e sua esposa Claire Underwood (Robin Wright) e a grande ambição de chegar ao principal cargo político do país e do mundo, a presidência dos Estados Unidos. A dupla ladeada por importantes escudeiros, não medem esforços ou escrúpulos para chegar ao seu grande objetivo. A série, além das brilhantes atuações e um grande enredo, tem duas coisas impactantes. A interação do personagem principal que volta ou outra, se desliga da cena e procura a câmera para dialogar com o expectador. A outra é a impactante abertura, algo que por muitas somos ficamos tentados a adiantar, em House of Cards, acabamos assistindo quase todas as vezes.
A abertura foi criada por Drew Geraci, a partir de uma série de time-lapses* captados em um período de seis meses (entre março e agosto/2012), utilizando alguns dos locais mais icônicos associados ao poder, alternando prédios públicos, monumentos e cartões postais da cidade de Washington DC, a capital federal americana, ligando avenidas ou as linhas férreas. Imagens que caminham por dias e noites, alternando entre a passagem da luz do dia, a chegada da noite e as mudança de tempos, vemos alguns travellings, o movimento da luz solar e a passagem das nuvens.
É curioso em nenhum momento ver a presença de pessoas, apenas dos carros e a imagem opressora dos prédios e monumentos. Graças a trilha criada pelo trompetista Jeff Beal o efeito da abertura consegue ser impactante.
Literalmente um conjunto de centenas e centenas de fotos consegue criar todo um clima que leva o expectador para essa poderosa série.
Se tiver curiosidade é possível pesquisar os locais que aparecem na abertura do programa.
A série que teve temporadas memoráveis, acabou em um anticlímax, graças ao envolvimento do protagonista em um escândalo sexual coincidindo com a campanha do #metoo. Porém, continuará a ser um marco na virada para uma nova plataforma de entretenimento, já temos centenas de séries e filmes lançados por empresas diferentes para o streaming a partir dessa experiência bem sucedida de House of Cards.
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Autor:
Raul de Goes - Diretor de Fotografia
Falando da imagem e de quem faz imagem.